Slimeread Inicia Petição para Garantir Acesso à Cultura Japonesa

Semana passada publicamos aqui uma notícia que a policia civil do estado do Mato Grosso na sua operação slimeread fechou um site pirata de mangás cujo nome não foi divulgado, porém o nome da operação da policia deixou muitas pessoas em dúvida de qual site foi alvo, já que a operação se chamava Slimeread, que é o nome de um popular site de mangás traduzidos.
Slimeread Inicia Petição para Garantir Acesso à Cultura Japonesa
Devido aos acontecimentos recentes, ao entrar no site do Slimeread no momento, você recebe um aviso de que eles estão realizando uma petição a ser entregue ao Ministério da Cultura. Até o momento a petição possui mais de 50.000 assinaturas no antigo link, a equipe do Slimeread moveu a petição para o Change e ela pode ser acessada aqui.

A petição do SlimeRead defende o acesso à cultura como um direito fundamental de todos os brasileiros, especialmente no contexto de um país cada vez mais plural e diverso. O projeto sempre atuou dentro da legalidade, buscando valorizar a cultura japonesa e oriental, que já faz parte da identidade brasileira.
Diante da falta de traduções oficiais, a comunidade tem recorrido a traduções feitas por fãs. A petição propõe que o Estado adote políticas públicas que incentivem a tradução e a difusão legal dessas obras, garantindo um acesso mais amplo, ético e de qualidade à cultura.
O objetivo é transformar o acesso à cultura em um direito garantido, e não um privilégio restrito a poucos.
Equipe do Slimeread Esclarece Operação Policial
A equipe do Slimeread entrou em contato com a Você Sabia Anime para passar o lado do Slimeread sobre tudo o que está acontecendo com o site e as investigações. A advogada do site, Alessandra Ferrari, nos explicou que a perseguição aos sites agregadores de traduções informais, como o SlimeRead, é algo constante dentro da comunidade.
As chamadas scans — geralmente compostas por crianças e adolescentes — fazem esse trabalho com o único objetivo de proporcionar a outros o acesso a uma cultura que lhes é negada pelas grandes indústrias, que ignoram deliberadamente o público latino.
Ela destaca que o Brasil, quinta maior potência mundial em consumo de conteúdo oriental, continua sendo tratado com descaso. Por isso, muitos acabam desistindo: fecham sites, abandonam anos de envolvimento com comunidades que já se tornaram verdadeiras famílias, e jogam fora todo o trabalho voluntário feito com dedicação — tudo isso por conta da pressão de grandes corporações que os rotulam como “criminosos”, “ladrões” e outras ofensas injustas.
Sobre o bloqueio do SlimeRead
A advogada também esclareceu que o site SlimeRead está temporariamente bloqueado por medida judicial cautelar. Isso significa que, durante uma investigação — que não configura crime ou culpa —, o juiz(a) determinou o bloqueio do site para apuração dos fatos e prevenção de possíveis danos, com base nas alegações feitas.
Essa medida é preventiva e temporária, e não há processo judicial em andamento, nem sentença ou prisões relacionadas. O que ocorreu foi uma busca e apreensão de dados — apenas cópias — com autorização judicial. Inclusive, a própria Polícia divulgou essa informação.

Imagens veiculadas na internet mostram a presença policial na residência anterior de um dos membros da equipe do Slimeread, mas isso ocorreu unicamente para a coleta de dados. Além disso algumas informações que foram divulgadas não condizem totalmente com os fatos. Como por exemplo que o site ganha dinheiro com doações e propagandas, segundo a equipe do Slimeread, o site não tem fins lucrativos, ele não possui propaganda ou patrocinadores.
O site conta com doações de seus usuários para suas despesas, esses valores são transparentes e o excedente é revertido diretamente para a comunidade, na realização de concursos e promoções de autores nacionais. Ainda esclarecem que a maior parte das doações se da no valor de R$ 1, o que não leva a enriquecimento.
Nenhum material foi divulgado de forma oficial pelos responsáveis do site, justamente por conta do sigilo do caso. As distorções nas informações divulgadas por certos meios de comunicação são, segundo ela, fruto de desconhecimento e geram fake news que prejudicam o site. O site foi entregue de forma voluntária, em cumprimento à decisão judicial — algo feito com responsabilidade e transparência segundo ela.
A importância da petição
Foi dessa indignação que surgiu a petição. O objetivo vai além do SlimeRead: a ideia é dar voz à comunidade e buscar uma mudança real, efetiva e permanente.
Com o alcance mínimo de 100 mil assinaturas, a petição poderá dar origem a um Projeto de Lei (PL) ou a uma proposta de alteração da atual Lei de Direitos Autorais (Lei nº 9.610/1998). A proposta busca garantir que os direitos constitucionais previstos nos artigos 215 e 216 da Constituição Federal — que tratam do acesso à cultura — sejam respeitados.
Entre os pontos sugeridos está o reconhecimento legal das traduções informais feitas de fã para fã, enquanto não houver uma tradução oficial disponibilizada pelos detentores de direitos. Também se pretende propor o uso de mão de obra nacional nas traduções oficiais, fortalecendo ainda mais a produção cultural brasileira.
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