Mangá que Venceu Prêmio na Young Jump é Acusado de ser Gerado por IA

O uso de IA em mangás virou assunto no Japão após a obra vencedora de um dos prêmios mais respeitados para novos autores levantar suspeitas de ter sido criada com IA. A polêmica teve início depois da divulgação oficial do resultado da 36ª edição do prêmio rookie da revista Young Jump.
Mangá que Venceu Prêmio na Young Jump é Acusado de ser Gerado por IA
O mangaká Ichigyo Tanaka, autor de Junket Bank, foi um dos jurados desta edição do concurso. Entre os vencedores, o trabalho Mikuni no Hane Hanezamsama, assinado por Morinaga Burubon, recebeu três prêmios ao mesmo tempo: menção honrosa, melhor obra do mês e prêmio de autor estreante. Com isso, o artista faturou cerca de 430 mil ienes, o equivalente a aproximadamente 2.800 dólares.
Na avaliação oficial, os jurados elogiaram a qualidade dos desenhos, a composição visual e o esforço em manter o leitor interessado com cenas de ação e apelo sensual. No entanto, também apontaram problemas importantes, como falhas no desenvolvimento dos personagens, enredo confuso e excesso de informações mal explicadas, o que teria prejudicado o ritmo da leitura.

Apesar da avaliação técnica positiva, a reação do público foi imediata após a publicação da obra. Em 26 de novembro de 2025, o mangá explodiu em popularidade na rede social Twitter, ultrapassando 18 milhões de visualizações. Porém, o destaque não foi exatamente pelos méritos artísticos, mas pelas acusações de que o material teria sido feito com IA, se você quiser ver por você mesmo, você pode dar uma olhada no mangá.
Leitores começaram a listar detalhes que consideraram suspeitos, como personagens mudando de aparência entre páginas, rostos considerados genéricos semelhantes a imagens de IA, erros de proporção corporal e fundos que pareciam colagens artificiais. Muitos também criticaram a narrativa, afirmando que os diálogos pareciam estranhos e as cenas mudavam sem lógica clara.

Um tweet viral mencionou exemplos curiosos, incluindo personagens femininas com barba, olhos de crianças com aparência distorcida e expressões faciais que lembravam modelos de geração automática de imagens. A dúvida mais repetida foi direta: a Young Jump permite ou não o uso de IA nos mangás em concursos?


Até agora, a editora responsável pelo concurso não emitiu uma nota oficial. O regulamento do prêmio não proíbe explicitamente o uso de inteligência artificial, o que gerou ainda mais indignação entre leitores e artistas. Centenas de usuários passaram a exigir uma investigação transparente sobre a produção da obra.
Por outro lado, algumas pessoas defendem que a tecnologia é inevitável e que o problema não está na ferramenta em si, mas na ausência de regras claras. Para muitos, concursos de mangá precisarão estabelecer diretrizes rígidas para evitar fraudes e proteger autores que produzem de forma tradicional.
Este já é considerado o primeiro grande escândalo no Japão envolvendo um possível mangá feito por IA a receber reconhecimento oficial. Independentemente da conclusão da investigação, o episódio já serviu para pressionar editoras e organizadores a reverem suas políticas.
