Ex-Editor de Vinland Saga diz não se Influenciar pelo Politicamente Correto
Na sua opinião, é uma coisa boa ou ruim que existam criadores japoneses interessados em criar obras que agradem mais o público ocidental ou para você eles deveriam criar histórias que gostem ou para o público japonês?
Existem algumas obras japonesas (mais claramente games) que são criados para o público ocidental mais em mente do que o japonês, e existe uma parte do público que não quer que isso aconteça, que os autores japoneses mantenham a mentalidade de que o melhor são obras que os autores queiram criar.
Em entrevista ao site Manga Passion, Akira Kanai falou sobre sua opinião em relação a isso, ele atualmente é o editor chefe da revista Weekly Afternoon da editora Kodansha, ele já supervisionou Vinland Saga, Planetes, Ajin, Fragile e Maria the Virgin Witch.
Ex-Editor de Vinland Saga diz não se Influenciar pelo Politicamente Correto
Kanai entrou na Kodansha em 1994 e trabalhou como editor de vários mangás até chegar na sua atual posição ao qual ele tem essa opinião sobre sucesso internacional de mangás, e se ele tenta tornar os mangás em que trabalha mais “acessíveis” para o público internacional.
“Não, não realmente, por exemplo, existem vários códigos contra a representação de violência, contra a representação de nudez, seja masculina ou feminina, ou códigos religiosos que sigo,” ele explicou. “No entanto, acredito que não há diferenças fundamentais na população em termos do que percebem como importante – seja no Japão, na Alemanha, na China ou na Coreia do Sul. Mesmo que isso ocorra em um nível político.”
Kanai até cita o politicamente correto que ocorre em várias indústrias de entreterimento atualmente: “Não me permito ser influenciado pelo que chamam de politicamente correto no exterior e moldar as obras de acordo com isso. Acho que, se é interessante, geralmente será entendido, independentemente de você vir da África, do Chile ou da Groenlândia. Nunca fiz grande alarde sobre isso até agora. Mas, mesmo que uma obra aborde um tema muito japonês, por exemplo, ou uma obra alemã aborde um tema alemão, uma obra chinesa um tema chinês – no final, a raiz é a mesma, eu acho.”
“Parar uma obra porque ela trata de um problema muito japonês ou especificar para fazer algo – isso quase nunca acontece. Mais especificamente, me pergunto se há uma diferença no conteúdo de entretenimento japonês entre obras que são internacionalmente bem-sucedidas. São as obras que focam mais no mercado japonês ou no mercado global?”
“Não acho que seja possível criar obras que estejam exatamente no meio, nem acho que tais obras realmente atrairiam em qualquer lugar. Pegue Skip and Loafer, por exemplo, que é sobre uma garota que vem do interior do Japão e se muda sozinha para a cidade japonesa de Tóquio para estudar em uma boa escola. Acho que pessoas em todo o mundo certamente entenderão seu sentimento de insegurança da mesma maneira. É por isso que essas obras tendem a atrair um público internacional.”
“Nesse sentido, realmente não acho que as obras precisem ser adaptadas para públicos fora do Japão. Embora eu não tenha certeza de como é para pessoas de países onde não há áreas rurais ou cidades. Não faço ideia de como é em Dubai. Talvez eu esteja sendo tendencioso. (risos)”
Mais tarde, o site Manga Passion perguntou a ele o quão importante é o mercado global para o mangá, ao qual Kanai respondeu que é muito importante. Ele disse que a gerência da Kodansha acredita que o número de crianças no Japão está diminuindo muito rápido, o que está fazendo com que o mercado japonês encolha.
Porém, para Kanai, isso é balela. Ele diz que é a mesma coisa no mundo inteiro. “Acredito que os nascimentos estão caindo no mundo inteiro, menos na África e na Índia. Acho vergonhoso expandir para o exterior porque o mercado interno está encolhendo.”
E ele cutuca ainda mais a indústria: “A mentalidade de que as editoras japonesas ficarão cada vez mais pobres se não se expandirem para o exterior é patética e deve ser abandonada. Agora que é possível ler e desenhar mangá no exterior, espero que a própria comunidade de fãs de mangá cresça. Não importa de onde venham e a que religião pertençam. Portanto, quando se trata da questão de saber se considero a globalização importante, posso dizer que é muito mais divertido desta forma.”
O que você acha da declaração dele?
Fonte: Manga Passion
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