Anilist se recusa a Listar Twins Hinahima, Anime Gerado por IA

O debate sobre o uso de IA na produção de conteúdo criativo ganhou mais um capítulo, desta vez no universo dos databases de animes. Anilist se recusa a listar Twins Hinahima, uma das principais plataformas de catálogo e avaliação de animes após o MAL.
O motivo? A maior parte da obra foi criada com inteligência artificial. Esse posicionamento dividiu opiniões na comunidade do site e levantou questões sobre o futuro da produção animada japonesa, já que sabemos que mais e mais estúdios vão usar IA no futuro.
Anilist se recusa a Listar Twins Hinahima, Anime Gerado por IA
O curta de 24 minutos apresenta as irmãs Himari e Hina, duas influenciadoras digitais que compartilham sua rotina em plataformas como TikTok e YouTube. No entanto, a narrativa ganha um tom inusitado quando elas são transportadas para uma dimensão paralela cheia de elementos surreais.

Apesar do roteiro moderno, o que mais chamou a atenção foi o processo de produção: cerca de 95% das imagens foram geradas por inteligência artificial segundo os produtores.
E ai que entra o Anilist, sendo um database de animes como o MyAnimeList, era esperado que Twins Hinahima aparecesse no site, e quando não apareceu, um usuário criou um tópico para questionar porque o anime não estava lá. Ele então recebeu essa resposta:
“Não, não temos interesse algum em adicionar anime gerado por IA ao site. 95% de imagens não humanas é demais, assim como temos uma regra sobre o país de origem que proibiria animes 95% produzidos em um país diferente, mesmo que os retoques finais fossem feitos no Japão.”

Segundo a política da plataforma, o anime precisa ter participação humana significativa e ser, preferencialmente, feito no Japão. Mesmo que estúdios japoneses estejam envolvidos, o uso predominante da IA no caso de Twins Hinahima levou à recusa.
Enquanto isso, a rival MyAnimeList (que recentemente foi comprado por uma empresa que mexe com IA) optou por adicionar o título, destacando as diferentes abordagens entre os sites sobre o uso de tecnologias emergentes.
Críticas e elogios ao anime feito com inteligência artificial
No MyAnimeList, Twins Hinahima foi avaliado por mais de 400 usuários e possui nota média de 5.53, e possui 31% dos votos em nota 1 (possívelmente apenas por causa do uso de IA), tirando a nota 1 de potenciais pessoas protestando pelo uso de IA, deu notas 7, 6 e 5 ao anime.

Nas redes sociais, o público demonstrou surpresa com a qualidade razoável da animação, considerando o método utilizado. Alguns comentários positivos incluíram:
- “Achei que seria um desastre, mas é até assistível.”
- “As falas tremem, os lábios não combinam com o áudio e as ruas parecem que foram pintadas às pressas. Mas, de alguma forma, a história ainda me atraiu. Me lembrou a de Hello World.”
- “A movimentação é esquisita, mas tem anime tradicional que é pior.”
- “Surpreendentemente, isso não foi nada ruim. Eu esperava uma bagunça total, mas teve uma vibe. Na verdade, gostei da sequência de abertura.”
- “Sinceramente, pensei que isso seria lixo, mas foi decente. A animação era estranha, sim, mas já vi pior em projetos liderados por humanos.”
- “Eu não apoio IA nessa escala, mas avaliei com base em como me senti. As cores eram ótimas, a história era fraca, mas o ritmo funcionou. Eu daria 6,8 se pudesse.”
- “Assustador como isso parecia bom. Não é perfeito, mas também não é um desastre. Faz você se perguntar como será o ano que vem.”
- “Ah, sim, não dá para dizer que isso era IA. Apenas ignore as animações de corrida desajeitadas e as expressões de olhos mortos.!
Por outro lado, críticas foram inevitáveis. Problemas como animações engessadas, sincronia labial falha e efeitos visuais incômodos foram apontados por muitos. Para uma parcela do público, o anime representa um risco: a substituição gradual de artistas humanos por algoritmos.
O processo de criação de Twins Hinahima

O projeto foi uma colaboração entre a Frontier Works, veterana do setor, e a startup japonesa Kaka Creation. Segundo os produtores, a ideia não era excluir artistas humanos, mas usar a IA como uma ferramenta de apoio.
A divisão do trabalho foi a seguinte:
- Desenho dos personagens: feito por ilustradores com CLIP Studio Paint
- Cenários: fotografias reais transformadas por IA e refinadas manualmente
- Pós-produção: ajustes de luz e movimento feitos por editores humanos com softwares Adobe
- Animação: gerada com captura de movimento e interpolação por IA, mas com supervisão humana
A proposta do estúdio era permitir que os criadores se concentrassem em decisões criativas enquanto a IA cuidava das tarefas repetitivas. Nomes importantes da animação japonesa também se posicionaram a favor do uso de IA nas produções.
Makoto Tezuka, filho do criador de Astro Boy, comparou a atual resistência à IA à rejeição inicial do uso de computação gráfica (CG). Para ele, é apenas uma questão de tempo até a tecnologia ser integrada de forma mais natural.
Já Yoshikazu Yasuhiko, criador de Gundam, afirmou que a IA pode aliviar o excesso de trabalho dos animadores, mas alertou: sem a sensibilidade humana, a essência da arte pode se perder.
via Anilist, AnimeSenpai
