Censura a hexagramas em animes e mangás por questões religiosas
Os hexagramas em animes e mangás muitas vezes são usados como forma de liberação de magia, isso falando de forma geral, só que esse símbolo tem sido evitado nos últimos anos fazendo com que artistas e empresas buscassem designs diferentes para seus projetos.
Só que o hexagrama existe no Japão desde os tempos antigos, independentemente da sua origem e significado em outras partes do mundo. O hexagrama, ou estrela de seis pontas, é uma forma geométrica formada por dois triângulos sobrepostos.
Censura a hexagramas em animes e mangás por questões religiosas
Ao longo da história, apareceu em diferentes contextos em várias culturas e religiões, mas, na história mais recente, passou a ser associado à Estrela de David, o símbolo da religião judaica e da identidade nacional judaica.
Independentemente de seus laços com a cultura judaica, o hexagrama foi bastante utilizado na cultura pop japonesa aparecendo em designs de personagens, ambientes e muito mais.
Muitas vezes visto como parte de um símbolo de invocação, feitiço ou talismã.
O hexagrama também não está sozinho nesse sentido, já que muitos outros símbolos e imagens religiosas, como a Cruz Cristã e o Rub-el-Hizb islâmico, podem ser vistos usados na cultura pop japonesa também em contextos decorativos ou em grande parte não relacionados.
Temos como um bom exemplo, FullMetal Alchemist onde o uso de hexagramas para círculos de transmutação são usados para realizar alquimia e como parte de vários designs de personagens e objetos ao longo do mangá.
Aquele fã com mais atenção consegue pereceber a censura aos hexagramas que foi surgindo aos poucos. Em 2003, a primeira adaptação para anime de FullMetal foram trocadas todas as representações de hexagramas por diferentes desenhos geométricos. Isso permaneceu até a segunda adaptação do anime em 2009, também censurando o símbolo.
A razão para a censura? Bem, é provável que como FullMetal Alchemist seria distribuido no exterior, a produção optou por evitar dor de cabeça e não acabar ofendendo, sem a devida intenção, o judaísmo por estar associada a antagonistas na série.
Em 2018, a censura de hexagramas em mangás ganhou atenção como tema do público japonês quando um quadrinista postou nas redes sociais sobre seu mangá ter sido retirado da lista devido ao aparecimento de hexagramas nele.
Eles publicaram seu trabalho na plataforma online de mangá Jump Rookie, da editora Shueisha. Eles notaram que seu mangá havia se tornado ”não público”, e esse status continuou até que trocaram os hexagramas que apareciam na obra. Outros mangakás também relataram incidentes parecidos.
”Sobre o 24º capítulo do meu mangá no Jump Rookie se tornar não listado, alguém comentou: “Poderia ser por causa do hexagrama?” Então eu corrigi e reenviei o capítulo.”
ジャンプルーキー！にてまごとじG24話が非公開となった理由ですが、「六芒星が原因なのでは？」というコメントをいただきました。
なので、該当箇所を修正して再投稿しました。 pic.twitter.com/XJ4dt3OUTF— たなかともき (@tanakatomoki_) May 17, 2018
As diretrizes do Jump Rookie proíbem representações de imagens internacionalmente consideradas ”fortes tabus”, como ”suásticas, o Alcorão, o Profeta Maomé etc.”, embora os hexagramas não sejam mencionados.
Em 2019, um editor fez a seguinte declaração sobre o tema: ”Em princípio, evitamos o uso de hexagramas. Pode ser usado dependendo da obra, mas na hora de usar é preciso estar preparado. Em outras palavras, você deve conhecer o raciocínio por trás da decisão e estar preparado para explicá-lo caso surja uma disputa. O hexagrama está associado à discriminação contra o povo judeu na Segunda Guerra Mundial, por isso não é apropriado usá-lo como raciocínio ingênuo de que parece legal”
Enfim, hoje em dia, muitos editores buscam ser cautelosos com questões envolvendo religião pois é um assunto bastante delicado para ser comentado em mangás e animes.
Fonte: Automaton
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